QUANDO ULTRAPASSAMOS UM PORTAL E NOS DEPARAMOS COM A LUZ DO AMOR,
AO RETORNAR, NUNCA MAIS SEREMOS OS MESMOS...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ॐ POR QUE A DEUSA VIROU DEUS?


A literatura esotérica fala de um passado remoto no qual o poder divino era exercido pela Deusa, pois entendia-se que se a vida originava-se do corpo da mulher, o criador do universo deveria ser a Mãe Divina, a Mãe generosa que tudo provê aos seus filhos. Todavia, essa concepção religiosa e por extensão a ideia do matriarcado sempre foi considerada como uma lenda, um mito, "coisas do misticismo religioso".

No entanto, para a estonteante surpresa do poder andrógino (dominação do homem sobre a mulher e dominação do mais forte em uma organização social estratificada), as escavações arqueológicas mais recentes, por meios de métodos mais científicos como a datação do carbono radioativo ou Carbono 14 e os métodos de datação pelo diâmetro das árvores, revelararam que existiram sim sociedades matriarcais em que as mulheres desempenhavam papéis-chave em todos os aspectos da vida e "a sabedoria da mãe era honrada e seguida acima de tudo." (EISLER). Essas sociedades eram organizadas de modo a não haver superioridade de um sexo sobre o outro; eram sociedades agrícolas, igualitárias e claramente matrilinear, ou seja, a descendência e a herança eram determinadas pela mãe. Estamos falando de organizações sociais dos períodos Paleolítico e Neolítico, de oito a sete mil anos a.C.

Os habitantes dessas sociedades da Europa Antiga eram amantes da vida e da arte, pacíficos e a estrutura organizacional era de parceria, e não de domínio. O culto à Deusa predominou por 800 anos (6.500 a.C a 5.700 a.C). No maior sítio arqueológico neolítico, em Catal Huyuk, na Turquia, foi encontrado um centro artístico muito avançado com pinturas, relevos, estatuetas e esculturas da Deusa revelando a adoração da deidade feminina. Toda arte do Neolítico mostra "a ausência de imagens do tipo dominador-dominado e senhor-súdito, tão características de sociedades dominadoras". Era o glorioso tempo do Cálice, do amor, da parceria, da Deusa.

Então, por que a Deusa foi destruída e seu lugar substituído por Deus? Por que a Mãe Criadora virou O Pai Criador? Por que passamos do Cálice à Espada? Segundo as mais extraordinárias pesquisas realizadas por equipes de cientistas zoólogos, botânicos, antropólogos, paleontólogos e arqueólogos, o que provocou a mudança radical da sociedade matriarcal para a patriarcal, do culto à Deusa e às qualidades femininas de brandura, gentileza, amor, parceria, à cultura de dominação, guerras e violência foi a invasão da Europa Antiga pelos bandos de nômades vindos do nordeste da Europa e da Ásia. Esses povos eram guerreiros regidos por uma casta de sacerdotes guerreiros e o seu deus era feroz, vingativo e raivoso. Assim se instalou o patriarcado pela força, guerra, roubo, saques - toda essa destruição começou por volta do 5º milênio a. C. e perdura até os dias de hoje.

Porém, começamos a ver vestígios de mudança, Dieu merci, no horizonte, pois a humanidade em geral parece não mais aceitar guerras, violência, regimes autoritários e todos temem pela destruição do planeta, nossa casa. Já se começa a falar no retorno da Deusa, ou seja, uma organização social de parceria, sem dominação do homem sobre a mulher tampouco do homem sobre outros homens. Um dos indícios que percebemos é o homem ajudando sua companheira nas chamadas "tarefas femininas" sem ser rotulado de "mulherzinha" como acontecia há algumas décadas e os que ainda persistem em ser "machões" estão mais para jurássicos do que para "homem com h maiúsculo". As mulheres apenas estão retomando seus lugares, como já existia até mesmo na Grécia Antiga em que Diotema era mestra de Sócrates e Platão recebia mulheres como discípulas em sua Academia. E todos iam a Delfos para se aconselharem com a pitonisa.

Oxalá, tenhamos a coragem, a habilidade e a responsabilidade de trazer de volta a sociedade de parceria dos remotos tempos de nossa pré-história. Lembrando-nos ainda que em tempo não tão longe assim Jesus pregou os chamados valores femininos de amor e gentileza e livrou a pecadora de ser apedrejada, tendo também mulheres como discípulas.
Cabe a nós escolher entre o Cálice ou a Espada.

(Este artigo foi baseado na extraordinária obra de Riane Eisler "O Cálice e a Espada")

Abraço de Luz Violeta!

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